terça-feira, 1 de setembro de 2009

A pantera

Quando eu era miúda lembro-me de ter visto uma pantera negra no zoo (não sei se ainda têm ou não exemplares desta espécie).
Eu devia ter 7 ou 8 anos e fui em visita de estudo com a escola primária. Naquela altura o Zoo ainda me parecia um local mais cruel e inóspito do que agora, porque os animais estavam simplesmente encafuados em jaulas 2 por 3.
Andava tudo num frenesim com a bicharada e eu lembro-me de não me sentir por aí além de entusiasmada com a experiência, até que a vi.
Era uma pantera ainda jovem, totalmente negra e de olhos verdes. Nunca na minha vida tinha visto tanta elegância e porte. Eu fiquei a olhar para ela demoradamente, simplesmente não conseguia deixar de olhar. A pantera andava em circulos à volta da minúscula jaula e, quando os nossos olhares se cruzaram numa fracção de segundo, eu percebi o sofrimento dela.
Esta imagem da pantera tem voltado várias vezes ao longo dos anos, principalmente em sonhos. Ás vezes a pantera está naquela maldita jaula e eu ainda sou uma menina de cabelos compridos a observá-la e oiço-a a dizer "liberdade", outras vezes eu estou deitada ao pé da pantera e brinco com ela como se da minha gata se tratasse, olhamo-nos e somos irmãs e partilhamos a mesma tristeza, a mesma agonia, a mesma ânsia de liberdade...
Sei que parece loucura mas é quase como se ela fosse o meu toten, como se protegesse os meus sonhos dos pesadelos que tanto temo, como se me guiasse pelo meu proprio inconsciente e como se me avisasse a cada segundo que nada é mais precioso do que a nossa liberdade...

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